O Globo
RIO – Cientistas de computação comprovaram que máquinas eletrônicas de votação podem ser adulteradas de modo a roubar votos por meio de uma abordagem maliciosa de programação que ainda não existia quando esses equipamentos foram inventados.
A técnica de engenharia reversa se chama “programação voltada a retorno” e foi utilizada por estudiosos das universidades da Califórnia em San Diego, de Michigan e de Princeton. Eles induziram uma máquina de votação eletrônica Sequoia AVC Advantage a se voltar contra si mesma e roubar votos.
Máquinas de votação eletrônica precisam se manter seguras ao longo de todo seu tempo de vida útil e esse estudo demonstrou como uma técnica relativamente nova de programação pode ser usada para assumir controle de um equipamento assim que, a princípio, foi projetado para resistir a invasões – disse ao site Physorg o cientista Hovav Shacham, professor de ciência da computação na UC San Diego. – O problema é que, quando essas máquinas foram projetadas, ainda não tinha sido idealizado o modo malicioso de programação que utilizamos.
O método de “programação voltada a retorno” foi descrito em 2007 pelo próprio Shacham como uma forma de explorar brechas em sistemas por meio da combinação de pequenos trechos de código benigno já presentes no sistema-alvo, sendo que essa combinação gera comportamento maligno no software. O mérito da descoberta é encorajar o diálogo público em torno das tecnologias de votação realmente capazes de prover real segurança a um processo eleitoral.